A inadimplência nas famílias brasileiras atingiu em setembro de 2025 o maior patamar desde o início da série histórica, em 2010, segundo relatório da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A proporção de famílias com contas em atraso subiu para 30,5%, enquanto um recorde de 13% declarou que não terá condições de pagar suas dívidas vencidas, indicando que permanecerão inadimplentes. Esse cenário revela um quadro de crescente fragilidade financeira entre os consumidores.
Segundo a CNC, o comprometimento da renda familiar com dívidas também se mantém elevado, com 18,8% dos consumidores comprometendo mais da metade da renda para pagamento de dívidas. A pesquisa aponta que 48,7% das famílias inadimplentes estão nessa condição há mais de 90 dias, refletindo o agravamento dos prazos de inadimplência e o impacto dos juros sobre o montante a ser pago. Fabio Bentes, economista-chefe da CNC, afirma que essa inadimplência crescente sinaliza uma desaceleração do movimento de crescimento do consumo impulsionado pelo crédito.
O endividamento aumentou especialmente entre as famílias com renda até três salários mínimos, que passaram de 81,1% em agosto para 82% em setembro, enquanto entre as famílias de maior renda o índice subiu de 68,7% para 69,5%. A pesquisa considera dívidas como contas a vencer em cartão de crédito, cheque especial, carnês, crédito consignado, empréstimos pessoais e prestações de bens como automóveis e imóveis. A CNC projeta que o endividamento aumentará 3,3 pontos percentuais até o fim de 2025, enquanto a inadimplência deve subir 1,7 ponto percentual.