Um levantamento inédito conduzido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), identificou cerca de 11 mil empreendimentos ligados à sociobiodiversidade na Amazônia Legal. Desses, quase 6 mil atendem aos critérios para serem classificados como bioindústrias, com base em práticas sustentáveis, uso de ativos da biodiversidade e geração de valor local. A pesquisa, ainda em andamento, visa orientar políticas públicas e investimentos voltados ao fortalecimento da bioeconomia na região.
O estudo priorizou cadeias produtivas com alto valor socioambiental, como açaí, castanha, cacau, guaraná e óleos vegetais, com destaque para o Arranjo Produtivo Local (APL) de fitocosméticos no Vale do Juruá (AC). Também foram identificados 589 registros de acesso ao patrimônio genético e 2.790 notificações de uso de conhecimento tradicional, conforme o SisGen. A metodologia combina análise de dados secundários com coleta de campo, permitindo uma leitura territorializada das cadeias produtivas. A expectativa é que o número de bioindústrias mapeadas dobre até dezembro de 2025.
Apesar do potencial, o estudo aponta desafios como insegurança jurídica, entraves fiscais e dificuldades logísticas. Para a ABDI e o IPAM, é essencial criar um ambiente favorável à expansão da bioeconomia, com políticas públicas integradas, valorização do conhecimento tradicional e fortalecimento das capacidades locais. A plataforma digital com os dados do mapeamento será lançada durante a COP30, em novembro de 2025, em Belém (PA), com o objetivo de conectar atores, atrair investimentos e garantir que os benefícios cheguem às comunidades amazônicas.