Bolsonaro nega golpe e se desculpa por acusação a Moraes durante interrogatório no STF

Em depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro negou envolvimento em qualquer tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal, Bolsonaro afirmou que não havia condições políticas ou institucionais para uma ruptura democrática e classificou a ideia de golpe como “abominável”. Apesar disso, admitiu ter buscado alternativas legais, inclusive com apoio de militares, para contestar o resultado eleitoral, após a rejeição de uma ação do PL no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Durante o interrogatório, Bolsonaro também negou ter incentivado os atos de 8 de janeiro de 2023 e se distanciou de apoiadores que pediam intervenção militar, chamando-os de “malucos”. Ele afirmou que as reuniões com integrantes das Forças Armadas ocorreram em resposta a decisões do TSE, como a multa imposta ao seu partido, e que discussões sobre medidas como estado de sítio foram rapidamente descartadas. Sobre a chamada “minuta do golpe”, o ex-presidente negou ter redigido ou alterado o documento, contrariando a delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.

No início da audiência, Bolsonaro pediu desculpas a Moraes por uma declaração feita em 2022, na qual o acusava, sem provas, de envolvimento em fraude eleitoral. Segundo ele, a fala foi um “desabafo” em ambiente privado e não tinha a intenção de imputar conduta ilícita ao ministro. A retratação ocorreu no contexto de uma ação penal que investiga suposta tentativa de abolição do Estado democrático de direito. O caso segue em tramitação no STF e pode ter desdobramentos relevantes para o futuro político do ex-presidente.

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