A Prefeitura de Rio Branco voltou a ser alvo de críticas ao enviar à Câmara Municipal, em regime de “urgência urgentíssima”, um projeto de lei que autoriza a compra e distribuição de 50 mil brinquedos para crianças em situação de vulnerabilidade social, ao custo estimado de R$ 1,5 milhão. A iniciativa, apresentada pelo prefeito Tião Bocalom por meio do Ofício nº 399/2025, ocorre em meio à crise do transporte coletivo na capital, marcada por frota reduzida, atrasos constantes e reclamações diárias de usuários, o que intensificou o debate sobre prioridades na aplicação dos recursos públicos.
O parecer da Procuradoria Geral do Município aponta falhas técnicas no projeto, como a classificação equivocada da proposta como lei complementar, quando, na avaliação jurídica, o conteúdo deveria tramitar como lei ordinária, erro descrito como “grosseiro” no documento oficial. A análise também registra que o programa pode se tornar uma ação contínua, repetida ano a ano, mantendo a despesa de R$ 1,5 milhão sem que a Prefeitura detalhe critérios de seleção das crianças, logística de distribuição, cronograma ou mecanismos claros de transparência e controle social. Críticos alegam que, sem essas definições, a política corre risco de ser usada de forma eleitoreira e com pouca efetividade social.
Enquanto isso, o sistema de transporte público segue em situação delicada, com apenas uma empresa operando, frota envelhecida e sucessivos projetos de empréstimos e atualização do marco regulatório em discussão para tentar modernizar o serviço. Vereadores e movimentos sociais questionam se não seria mais adequado priorizar investimentos estruturais em mobilidade urbana , que afetam diretamente trabalhadores, estudantes e moradores da periferia, antes de autorizar gastos milionários com brinquedos, ainda que destinados a um público vulnerável.



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