Durante evento oficial em Minas Novas (MG), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Brasil não permitirá interferência estrangeira sobre seus recursos naturais, especialmente os minerais críticos. A declaração ocorre em um momento de intensificação das tratativas diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, que buscam ampliar o acesso a insumos estratégicos para a indústria tecnológica. “Temos todo o nosso ouro para proteger. Temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger. E aqui ninguém põe a mão”, disse Lula, em discurso direcionado à população local e a representantes do setor mineral.
A fala do presidente reflete a crescente preocupação do governo brasileiro com a soberania sobre recursos considerados essenciais para a transição energética e a produção de tecnologias de ponta, como baterias e semicondutores. Nos últimos meses, autoridades dos dois países têm se reunido para discutir possíveis acordos de cooperação, incluindo a redução de tarifas impostas por administrações anteriores. A mais recente reunião, realizada em Brasília, contou com a presença do encarregado de Negócios da embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, e representantes do setor mineral brasileiro, que propuseram uma missão oficial a Washington para aprofundar o diálogo.
O interesse norte-americano nos minerais brasileiros ocorre em meio a uma tentativa de reduzir a dependência da China, que atualmente domina o mercado global de processamento de lítio, cobalto e terras raras. Cerca de 70% das exportações minerais do Brasil têm como destino o país asiático, o que reforça a importância estratégica do tema nas relações internacionais. A expectativa do governo brasileiro é de que as negociações com os EUA possam resultar em condições mais favoráveis para o setor, sem comprometer a autonomia nacional sobre seus recursos naturais.